quarta-feira, 18 de abril de 2012

Refúgio







"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido". Já o dizia Fernando Pessoa. 

Há locais que são verdadeiros refúgios da alma e há aqueles que o parecem ser. Aqui o ruído não faz com que não nos ouçamos a nós próprios. O silêncio faz antes com que estejamos apenas connosco. E, parece que não, mas isso é mais difícil do que tentarmos ignorar-nos com distracções. 
A Natureza tem destas coisas. Por entre vales descobrem-se refúgios só nossos. E às vezes não é preciso ir longe, nem viajar quilómetros...

“ (...)
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele 
Porque pensar é não compreender... 

O Mundo não se fez para pensarmos nele 
(Pensar é estar doente dos olhos) 
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... 
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é. 
Mas porque a amo, e amo-a por isso, 
Porque quem ama nunca sabe o que ama 
Nem por que ama, nem o que é amar... 
(...)” 

Alberto Caeiro in "O guardador de rebanhos"

Sem comentários: