domingo, 13 de julho de 2014

Olkhon Island, 24-28.05.2014

Lake Baikal from Olkhon in the evening
Shaman rock and a prayer's point
Lake Baikal 
Digging a hole for our couchsurfing host
Our home for a few days

Beach on the island
View to lake Baikal
Lake Baikal from Olkhon island
Pine trees 
Shaman rock
Olkhon é a maior das ilhas do lago Baikal com 71,5 Km de comprimento e 20,8 Km de largura. Os mongóis crêem que, segundo antigas lendas, ela é o centro do universo.
É grande o suficiente para ter os seus próprios lagos e é composta por suaves colinas (o ponto mais alto, Monte Zhima, tem 818m acima do nível das águas do lago), estepes e uma densa floresta na parte Nordeste da ilha.
Tem algumas longas praias de areia, mas noutros locais a terra acaba abruptamente no lago, o que lhe confere uma atmosfera selvagem e intacta, com belas paisagens sobre as águas límpidas.
O lago Baikal, localizado no sul da Siberia, tem 25 milhões de anos e é o maior lago de água doce do mundo. Contém aproximadamente 22% de todas as reservas de água doce (não gelada) do mundo e é o mais profundo lago do planeta (1640m). Está também entre os lagos com as águas mais límpidas, tendo uma flora e fauna muito ricas: mais de 3500 espécies das quais ¾ são endémicas. Foi declarado Património do Mundo pela UNESCO em 1996.
Está completamente rodeado por montanhas e alberga também os Buryat, uma tribo que reside no lado leste do lago de origem mongol (provavelmente descendetes do Genghis Khan).
No Inverno o lago gela e é possível caminhar sobre ele e fazerem-se desportos da estação assim como alugar trenós puxados por cães.
Nós ficámos 4 dias na ilha, em casa de um russo que, gentilmente, oferece um espaço para dormir e cozinhar em troca de alguns trabalhos, no nosso caso, ele precisava de gente para cavar um buraco para uma nova “casa-de-banho”.
No mesmo espaço estiveram connosco o Léo e a Julie, outro casal francês e um casal alemão que viaja pelo mundo. A cidade principal da ilha, Khuzir, tem 2 pequenos mercados com produtos obviamente caros por serem escassos e alguns hotéis. As estradas não são pavimentadas, só o hotel principal tem canalizações, de resto a água utilizada pelos locais é recolhida no lago, e as vacas deambulam livremente na sua busca por alimento.
Há alguns locais que organizam tours e actividades mas é dificil perceber o horário de funcionamento das coisas, e o hotel principal (Nikita’s) parece ter o monopólio das actividades da ilha.

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Olkhon is the largest island of Baikal Lake with 71.5 km long and 20.8 km wide. Mongolians believe that, according to ancient legends, it is the center of the universe.
It's big enough to have its own lakes and consists of rolling hills (the highest point, Mount Zhima, is 818m above the lake’s water level), and a dense forest steppe in the Northeastern part of the island.
It has some long sandy beaches, but at some places the land ends abruptly at the lake, giving it a wild and unspoilt atmosphere, with wonderful views over the clear waters.
The Baikal Lake, located in southern Siberia, is 25 million years old and is the largest freshwater lake in the world. Contains approximately 22% of all freshwater bodies (not icy) in the world and is the deepest lake in the world (1640m). It is also among the lakes with most clear water, having a very rich flora and fauna: over 3500 species of which ¾ are endemic. It was declared UNESCO  World Heritage in 1996.
Is completely surrounded by mountains and also houses the Buryat, a tribe that lives on the east side of the lake, of Mongolian origin (probably descendetes of Genghis Khan).
In winter the lake freezes and you can walk on it and make season sports as well as rent dogsleds.
We stayed for four days on the island, in the home of a Russian who kindly offers a space to sleep and cook in exchange for some work. In our case he needed people to dig a hole for a new "toilet".
In the same space were with us, Leo and Julie, another French couple and a German couple who travel the world. The island's main town, Khuzir, has 2 small markets with obviously expensive products because they are scarce and some hotels. The roads are not paved, only the main hotel has plumbing, moreover the water used is by the locals is collected from the lake, and cows roam freely in their search for food.
There are some places that organize tours and activities but it is hard to understand the working hours of things, and the main hotel (Nikita's) seems to have a monopoly on island activities.


Irkutsk and application for the Mongolian Visa

teenage girl dressed for her graduation day

Typical Siberian wooden house

The minibus to Olkhon Island

Street view where the minibuses stopped to get passengers


Irkutsk (GMT +8). Chegámos às 9h38 (hora local). Nós e o Paul descemos do comboio e procurámos na plataforma o Léo e a Julie. Quando nos encontrámos lá seguimos os 5.
Novamente por coincidência, nós e o Paul tínhamos reservado o mesmo hostel, e como o Léo e a Julie não tinham reservado nada, encaminhámo-nos todos para lá a fim de ver se haveriam mais duas camas disponíveis.
Acabámos, portanto, por ficar todos juntos no mesmo dormitório!
O que dizer de Irkutsk? Penso que a parte mais interessante da cidade não é o seu centro, bem arranjado e organizado com jardins bonitos, mas as velhas casas de madeira trabalhada com recortes junto ao telhado que as faz parecer terem sido feitas em croché. Algumas das casas estão inclinadas, como que a madeira tenha dado de si, mas são habitadas.
Também nos foi recomendado no hostel um pequeno restaurante onde poderíamos comer pozi, um prato bastante tipico da Sibéria. Nesse local foi realmente barato e pudémos observar os russos a comerem-nos à mão (como deve de ser) e a beberem shots de vodka seguidos de goles no sumo de tomate.
Em Irkutsk aproveitámos para ir à Embaixada da Mongólia para pedir o visto. Não foram necessárias grandes burocracias, apenas preencher o impresso que nos deram no momento e entregar 1 foto tipo passe e 1 fotocópia do passaporte, assim como deixar lá o original, como é óbvio. Nada de perguntas sobre o itinerário ou sobre bilhetes de entrada e saída do país!
Tivemos, por fim, de ir pagar o custo do visto directamente ao banco mais próximo. O nosso visto custou-nos à volta de 50 euros pois tivémos de pagar para ficar pronto em 5 dias úteis. O normal é demorar uma semana e custa à volta de 35 euros. Há ainda uma opção mais cara para ficar pronto em 2 dias úteis. A embaixada é no centro e fecha às quartas e fins-de-semana. Para fazer o visto só é possível ir lá da parte da manhã (até às 13h).
Depois disso tratado, seguimos com o Léo e Julie até à estação dos autocarros para tentar comprar bilhetes para a ilha de Olkhon. A quarta maior ilha do mundo rodeada por um lago e seguramente a maior ilha das mais de 27 do lago Baikal, no Sul da Sibéria, com uma área de 730 km2.
Não foi tarefa fácil, uma vez que ninguém falava inglês e todos apontavam para algum lugar que não percebíamos e nos diziam que o bus era no dia seguinte “Tomorrow! Tomorrow!”.
Bem, isso nós sabíamos! Obrigada! Queríamos era ter os bilhetes já comprados, mas como nos pareceu impossível, optámos por uma volta à cidade e fomos procurar também uma loja que vendesse carregadores do portátil, para substituir o que o Zé esqueceu em Moscovo!
Entretanto chovia e encontrámos um grupo de adolescentes bem vestidos, de faixa ao peito. Perguntámos-lhes indicações e no fim acabámos a tirar fotos com eles, pois todos queriam fotos com os primeiros turistas com quem falavam! Só um deles falava melhor inglês, portanto foi bastante extenuante toda a informação e excitação vinda daqueles miúdos de 15 anos que, conseguimos perceber depois, estavam assim vestidos pois era o seu último dia de escola. Eram finalistas!
Eles acompanharam-nos por bastantes quilómetros até à estação de autocarros (de novo!), pois diziam que nos ajudavam com a compra dos bilhetes. Mas depois de quarteirões e quarteirões a responder a mil perguntas sem sentido e a tirar fotos, a estação já estava fechada, não encontrámos o carregador, estávamos molhados e cansados.
Voltámos para o hostel exaustos e por isso, e depois de 3 dias no comboio, um banho quente soube divinamente bem! Jantámos umas bolas de massa e carne que comprámos no mercado e que, supostamente, são típicas mas cozinhámos da maneira errada (segundo o senhor do hostel...mas para nós estavam muito boas!) pois devem ser cozinhadas ao vapor e não na água a ferver como fizémos.
Bem, depois disto tudo, no dia seguinte acordámos às 6h, despedimo-nos do Paul, que prossegue viagem sozinho, e fomos com o casal francês até à estação de autocarros onde, depois de algum tempo, conseguímos perceber de onde arrancavam as mini-caravanas para Kuzhir (cidade principal da ilha). Pagámos 700 rublos (à volta de 14 euros) por pessoa para ir e dividimos a viagem com outras pessoas russas que foram enchendo o carro. A viagem foi longa (7h) e quase sempre em estradas de terra batida. O carro ia carregado com mercadorias que levariam para Olkhon.

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Irkutsk (GMT +8). We arrived at 9:38 a.m. (local time). We and Paul got off the train and on the platform looked for Leo and Julie. When we met them, we carried on.
Again coincidentally, we and Paul had booked the same hostel, and how Leo and Julie had not booked anything, we all headed there to check if there would be two more beds available.
At the end, we all stayed together in the same dorm!
What about Irkutsk? I think the most interesting part of the city is not its center, well arranged and organized with beautiful gardens, but the old wodden houses carved with cutouts along the roof that makes them seem to have been made ​​in crocheted. Some of the houses are inclined, like as some of the wood had falled, but are inhabited.
We were also recommended at the hostel to go to a small restaurant where we could eat pozi, the typical dumplings in Siberia. This place was really cheap and we could see the Russians eat the pozi by hand (as it should be) and drinking shots of vodka followed by gulps in tomato juice.
In Irkutsk we took the opportunity to go to the Embassy of Mongolia to apply for a visa. There was no need for too much bureaucracies, just fill out the form they give us there and handing 1 passport photo and 1 photocopy of the passport, and leave the original, of course. No questions about the itinerary or entry ticket  or way out from the country!
Finally, we had to go to the nearest bank  to pay the visa fee. Our visa cost us around 50 euros because we had to pay to get it ready in 5 business days. The normal is to take a week and costs around 35 euros. There is still a more expensive option to be ready in 2 days. The embassy is in the center and closes on Wednesdays and weekends. To make the visa, can only go there in the morning (up to 13h).
After this, we followed with Leo and Julie to the bus station to try to buy tickets to Olkhon island. The fourth largest island in the world surrounded by a lake and certainly the largest island of over 27 at Lake Baikal in southern Siberia, with an area of ​​730 km2.
It was not easy, since no one spoke English and all pointed to somewhere that we did not understood, we were told that the bus was the next day after "Tomorrow! Tomorrow ".
Well, that we knew! Thank you! We just wanted to have the tickets already purchased, but as it seemed impossible to us, we opted to go back to the city center and also look for a store that could sell laptop chargers, to replace the one Ze forgot in Moscow!
Meanwhile it rained and we found a group of teenagers well dressed, with a strip on their chest. Asked them directions and at the end we ended up taking pictures with them, because everyone wanted pictures with the first tourists who they spoke with! One of them spoke better English, so it was quite exhausting all the information and excitement of those 15 year old kids, we could realize later they were dressed like that because it was their last day of school. They were graduated!
They followed us for quite a few kilometers to the bus station (again!), they said that helped us with the purchase of tickets. But after blocks and blocks answering a thousand nonsense questions and taking pictures, the station was already closed, we did not find the charger, we were wet and tired.
We returned to the hostel exhausted, and after three days on the train, a hot bath felt divine! We dinned a few balls of dough and meat bought in the market and it was supposed to be typical but we cooked it the wrong way (according to the guy from the hostel... but for us it was very good!) It must be cooked to vapor and not boiled in water as we have done.
Well, after all this, the next day we woke up at 6am, said goodbye to Paul, who continued on alone, and went with the French couple to the bus station where, after some time, we could find the place from which the mini-caravans depart for Kuzhir (main town on the island). We paid 700 rubles (around 14 euros) per person to go and share the trip with other Russian people who were filling the car. The trip was long (7 hours) and almost always on dirt roads. The car was loaded with goods which would supply Olkhon.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ekaterinburg-Irkutsk (3374 Km. From 20May-22:17 (local time) to 23May-09:38 (local time) 3 nights on the train





De novo no comboio para Irkutsk. Serão 3 dias dentro dele. Aqui dentro perde-se a noção do tempo e das horas. Melhor: não as há para quem viaja dentro dele. Entramos numa cidade com determinada hora, saímos noutra com hora diferente e o comboio rege-se pela hora de Moscovo.
No momento em que escrevo são 22h50 em Lisboa, 1h50 em Moscovo, 3h50 em Ekaterimburgo (de onde acabámos de sair) e 6h50 em Irkutsk (para onde vamos). Não sei que horário seguir, já nem sei a que horas o sol nasce... O céu nunca fica realmente escuro e no comboio dorme-se e come-se às horas que nos apetece.
À medida que nos dirigimos para o interior e mais para Sul, as temperaturas começam a descer e o frio lá fora sente-se nos ossos. Dentro do comboio está sempre uma temperatura agradável.
Agora aprendemos que podemos consultar o percurso no comboio e o tempo de cada paragem em cada estação, o que varia bastante: às vezes o comboio pára por 1 minuto e outras por 60 minutos.
É possível fazer-se Moscovo-Irkutsk num só comboio. Serão à volta de 4 dias de viagem. Em Irkutsk apanha-se outro para a Mongólia. Mas há um infindável número de paragens pelo meio, e com tempo é possível sair nas que se quer e depois comprar o bilhete para a próxima. Para isso é necessário paciência e tempo, pois podem não nos compreender ou pode mesmo não haver lugar no próximo comboio.
Novo dia. Acordei confusa com as horas. São 16h em Irkutsk, 8h em Lisboa e 13h em Ekaterimburgo, logo 11h em Moscovo. Acho que me sinto nostálgica pelas horas passarem enquanto durmo e, quando acordo, sinto essa diferença a aumentar.
Todos dormem na minha cabine.
Entretanto o casal francês que conhecemos veio visitar-nos. Ficámos a conversar até os acompanharmos à carruagem deles, que fica no inicio do comboio (o oposto da nossa). Até brincamos dizendo que já devem estar noutro fuso horário!
Eles estão em 3ª classe, o que lhes dá menos privacidade que a 2ª, pois não há cabines fechadas. São 4 camas mais 2 opcionais junto à janela que quando não estão a ser usadas são cadeiras e uma mesa.
É interessante percorrer o comboio de uma ponta à outra e ver a diferença de pessoas e cheiros que o preenchem. Vêem-se mães com crianças, militares e pessoas mais pobres na 3ª classe.
Algumas pessoas com traços asiáticos, outras de tez mais escura e outras caucasianas.
No vagão restaurante vêem-se casais séniores que parecem viajar em 1ª classe (as cabines são só para 2 pessoas), e russos que bebem cerveja.
Foi engraçado termo-nos encontrado todos neste comboio, aos franceses que por coincidência estiveram no mesmo hostel que nós em Moscovo e ao Paul por calharmos na mesma cabine.
Novo dia. Encontrámo-nos no vagão restaurante para almoçar e experimentar alguma comida, e depois fui até à carruagem do Léo e Julie para tirar umas fotos. Tivemos sorte pois estão lá 3 homens do Uzbequistão que são bastante curiosos e conversadores. Quiseram ver os desenhos do Zé, depois um deles, o Murad, quis que ele o desenhasse e que eu o fotografasse, e por fim, e sem falar inglês, estávamos todos a beber vodka do país deles e a jogar às cartas.
Combinámos amanhã encontrar-nos em Irkutsk. Cedo (hora local) chegaremos lá. Estou a tentar manter-me no meu novo futuro horário e por isso vou obrigar-me a dormir.
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Again on the train to Irkutsk. Will spend three days inside the train. In here you lose track of time. Better: there is none for those traveling by it. We entered in a city with a certain hour, we leave at another with a different time and the train is goes by Moscow time.
At the time of writing are 22h50 in Lisbon, in Moscow 1:50 a.m., 3:50 a.m. in Ekaterinburg (where we have just come out) and 6:50 a.m. in Irkutsk (where we go to). I do not know what time should I follow, do not even know what time the sun rises... The sky never really gets dark and in the train we sleep and eat when we feel like.
As we head inland and further south, the temperatures begin to fall and we can feel the cold in our bones. Inside the train is always a pleasant temperature.
Now we learn that we can see the route on the train and the time of each stop in each station, which varies greatly: sometimes the train stops for 1 minute and the other for 60 minutes.
It is possible to make a single Irkutsk-Moscow train. It is a 4 days trip. Picking up another train to Mongólia in Irkutsk. But there are an endless number of stops in the middle, and with time you can stop wherever you want and then buy the ticket to the next. This requires patience and time, Mosto f the times Russians can not understand us or there may even be no place on the next train.
New day. I woke up confused with the hours. It is 16h in Irkutsk, 8h in Lisbon and 13h in Ekaterinburg, so, 23h in Moscow. I think I feel nostalgic for the hours that pass while I sleep and when I wake up, I feel this difference increasing.
Everyone sleeps in my cabin.
However the French couple we met came to visit us. We talked until we all go to their coach  which is in the beginning of the train (opposite of ours). Even joked saying that should already be in another time zone!
They are in 3rd class, which gives them less privacy than the 2nd because there is no closed cabins. 4 beds are 2 more optional at the window, when not being used become chairs and a table.
It is interesting to go through the train from one end to the other and see the difference in people and smells that fill it. There are mothers with children, military and poorest people in 3rd class.
Some people with Asian features, other darker complexion and other Caucasians.
In the dining car we see senior couples who seem to travel in 1st class (the cabins are only for 2 people), and Russians who drink beer.
It was funny how we found each other on this train, the French who were coincidentally in the same hostel that we were in Moscow and Paul to stay in the same cabin.
New day. We met in the dining car for lunch and try some russian food, and then went up to the carriage of Leo and Julie to take some pictures. We were lucky because there were 3 men from Uzbekistan who were very curious and talkative. They wanted to see the sketches and after, one of them, Murad, wanted Ze to draw him and that I photographed, and finally, and without speaking English, we were all drinking vodka from their country and playing cards.

We agreed today to meet in Irkutsk. Early (local time) we will get there. I'm trying to keep on my new future schedule so I will force myself to sleep.