domingo, 7 de dezembro de 2014

Munnar, terra do verde, do chá e das sanguessugas // Munnar, land of green, tea and leeches

Street market
Munnar center
Catholic church, Munnar. Shoes outside.
Tea plantations
Tea plantations

23.10 – Ao chegarmos tomámos um delicioso duche quente, (daqueles que enchem o WC de vapor de água) e tive noção que já não tomava um duche quente há bastantes semanas. Desde Colombo, no Sri Lanka, se não estou em erro! As temperaturas altas e a falta de aquecimento na maioria dos hóteis por onde passámos têm feito com que a água fria se tenha tornado uma presença constante, sem que isso tenha, necessariamente, sido uma má coisa. Mas aqui em Munnar as temperaturas são mais baixas e a água da torneira é demasiado fria para ser apetecível.
No dia seguinte fizémos um trekking pelas plantações de chá, a principal fonte de rendimento e de trabalho da cidade. É uma paisagem impressionante!
Disseram-nos que por vezes se conseguem avistar elefantes mas nós só avistámos as suas fezes em locais que pensávamos serem de acesso impossível para um animal daquele porte.
Em vez disso, tivémos a presença de sanguessugas nos sapatos! Bem, nunca tínhamos visto nenhuma e pensava-as maiores e mais gordas. Algumas conseguem ser bem pequenas e quase não darmos por elas e, por isso, depois de passarmos as pernas por vegetação alta, fazíamos uma pausa para ver se alguma tentava agarrar-se à bota ou que pudesse ter mesmo entrado para o sapato ou para as calças.
Estava um dia chuvoso, o que não nos deu uma boa visualização do alto dos montes a mais de 2000 m de altitude a que subimos (Munnar é uma terra localizada a elevada altitude, por isso os montes não são altos como a Serra da Estrela, mas estão facilmente a uma altitude mais elevada que esta). Mas essa mesma neblina permitiu umas fantásticas fotos de uma paisagem que já por si era magnifíca. “Degraus” de plantações pelas colinas fazem uma decoração natural perfeita para aquele local tão visitado por turistas indianos pelo verde que eles tanto adoram.
Nessa noite dormimos bem mas só depois dos festejos do Diwali terminarem. O chamado “Festival das luzes” é das maiores comemorações Hindus na Índia, na qual eles acendem velas e candeeiros nas ruas, templos e casas e vêem-se vários fogos de artíficio pelas cidades. Em Munnar parecia Carnaval, com miúdos e adultos a divertirem-se com estalinhos e morteiros.
Os dias ali passados foram de descanso. O centro da cidade é pequeno, com vários mercados de rua e lojas de chocolate. Três templos principais nas três colinas da cidade (Católico, Hindu e Budista) constituem os principais pólos de movimento dos locais. Num dos nossos almoços conhecemos um casal de italianos que trabalham em Mumbai e estavam de férias. Trocámos impressões do país e ouvimos recomendações de comida e sítios a visitar.
Tempo de apanhar o autocarro de longa distância para Bangalore, onde depois veremos como podemos conseguir chegar a Hampi, o nosso próximo destino!

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23:10 - When we arrived we took a delicious hot shower, (those ones that fill the bathroom with steam) and I realized we didn't have one in weeks. Since Colombo, Sri Lanka, if I am not mistaken! The high temperatures and the lack of heaters in most hotels where we stayed have made the cold water a constant presence, without this having necessarily been a bad thing. But here in Munnar temperatures are lower and the tap water is too cold to be delicious.
The next day we made a trek through the tea plantations, the main source of income and labour. It is an impressive landscape!
We were told that sometimes elephants can be seen but we only saw their dung where we thought impossible to access for an animal that size.
Instead, we had the presence of leeches on the shoes! Well, we've never seen any and thought woulb be larger and fatter. Some can be very small and hardly noticeable, so, after passing through high vegetation, we made a break to see if any tried to cling to the boot or could have even entered the shoe or pants.
It was a rainy day, which did not give us a good view of the top of the mountains over 2000 m of altitude we go up (Munnar is a land located at high altitude, so the mountains are not as high as "Serra da Estrela", but are easily at a higher altitude). But that same fog allowed fantastic pictures of a landscape that in itself was magnificent. "Steps" of the hills plantations make a perfect natural decoration for that location so visited by Indian tourists for the green they love so much.
That night we slept well but only after the Diwali celebrations are over. The so-called "Festival of Lights" is the biggest Hindu celebration in India, when they light candles and lamps in the streets, temples and homes and several fireworks can be seen in the cities. It seemed like Carnival in Munnar, with kids and adults having fun with firecrackers.
The days spent there were of rest. The city center is small, with several street markets and chocolate shops. Three main temples in the three hills of the city (Catholic, Hindu and Buddhist) are the main locations of the motion poles. At one of our lunches we met an Italian couple who work in Mumbai and were on vacation. We exchanged impressions of the country and hear food recommendations and places of interest.
Time to catch the long distance bus to Bangalore, where then we'll see how we can reach Hampi, our next destination!

Susana

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Onde a água doce encontra a salgada // Where freshwater meets sea water

Kerala's Backwaters
Backwaters island and boat
Backwaters local washing her cow

Chinese fishing nets
Santa Cruz Cathedral interior
Canoe's "driver"
Santa Cruz Cathedral, Fort Kochi
backwaters village house
Backwaters boat ride
22.10.2014 - Deixámos hoje Kochi onde nos últimos dias fomos ficando porque apanhei uma virose que me fez ter febre e diarreia. Pelo sim, pelo não, fui ao médico. Disseram-me para ir ao hospital público: confusão de gente em fila para ser atendida. Era sentar na cadeira ao pé do médico, contar as desgraças, trazer a receita e venha o próximo. Os medicamentos são dados (sim, dados) à quantidade e não à caixa. Mas não contente com o veredicto, procurámos uma clínica privada onde fui atendida com mais atenção. A conta final, com medicamentos incluídos, deu à volta de 6 euros.
Kochi não tem muito que ver: mesquitas, palácios holandeses e redes de pesca chinesas, alguns edifícios de influência portuguesa e igrejas católicas (a Catedral de Santa Cruz foi a mais curiosa que vi até hoje. Uma mistura de decoração ocidental com indiana deu numa igreja cheia e com néons à volta de Maria, no altar), .
Podem fazer-se tours organizadas às Backwaters: canais, rios e lagos interligados num sistema labiríntico criando um ecossistema único onde a água doce dos rios encontra a água salgada do Mar Arábico, (estas tours acabam por compensar pois não são caras) e vale a pena.
Deu para relaxar num tranquilo passeio de barco por entre ilhas e canais cheios de vida animal, aves principalmente, e flora tropical, e ainda conhecer uma rapariga sérvia que estava no final da sua viagem de 1 mês pela região de Kerala. Partilhou connosco algumas impressões e sugestões do Sul, o que foi uma boa ajuda para quem tinha praticamente acabado de chegar!
O nosso hotel, Mother Tree, fica em Fort Kochi, a zona tranquila da cidade onde se podem passar uns dias calmos, longe da confusão das cidades indianas. Junto a ele há um pequeno restaurante familiar chamado Taj Mahal onde comemos na maior parte dos dias pois era muito em conta em comparação com os preços que encontrámos na cidade. Comida boa e sentimo-nos sempre em casa, pois a esplanada era, literalmente, nas traseiras da casa da família!
Como já me sinto melhor, apanhámos o autocarro de Kochi para Munnar, mais para o interior do Sul da Índia. A viagem faz-se por entre pequenas povoações e solavancos num autocarro velho e sujo de janelas sempre abertas, pois não tem vidros. A certo ponto a paisagem muda, o ar refresca e começamos a subir em altitude. A estrada serpenteia pela floresta tropical densa, passamos macacos à beira da estrada, quedas de água tímidas e outras imponentes. Locais de beleza incrível que me surpreendem pela imensidão de vida, verde e de locais escondidos e sozinhos. Ao começarmos a descer a floresta abre, mais casas e vacas a pastar... o autocarro vai parando. Pessoas vão entrando e saindo. A viagem continua.

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22/10/2014 - We left Kochi today where we kept staying in the last few days because I got a virus that made me have fever and diarrhea. In doubt, went to the doctor. I was told to go to the public hospital: A big mess of people queueing to be seen by the doctor. It was sitting in front of the doctor, tell the woes, take the prescription and repeat. The drugs are given (yes, free) in the exact quantity and not the full box of pills. But not happy with the verdict, I sought a private clinic where people were seen with more time and attention. The final bill, including medicines, was around 6 euros.
Kochi does not have much to do: mosques, Dutch palaces and Chinese fishing nets. some buildings of Portuguese influence and Catholic churches (the Cathedral of Santa Cruz was the most curious I saw today, a mixture of western and Indian decor that resulted in a full church with neons around Mary, on the altar), 
Tours can be organized to go to the Backwaters: canals, rivers and lakes interconnected in a labyrinthine system, creating a unique ecosystem where fresh river water meets the salt water of the Arabian Sea (these tours end up worthing and are not expensive).
It was good to relax in a tranquil boat ride through islands and channels filled with wildlife, birds mainly, and tropical flora, and still get to know a Serbian girl who was at the end of her one month trip by the Kerala region. She shared with us some impressions and suggestions for  the south, which was a good help for us, who had practically just arrived!
Our hotel, Mother Tree, located in Fort Kochi, the quiet part of town where you can spend a few quiet days, away from the hustle of Indian cities. Next to it there is a small family restaurant called Taj Mahal where we ate in most days, it was very affordable compared to the prices we found in the city. The food is really good and we feel always at home because the tables were literally in the backyard of the family home!
As I feel better, we took the bus from Kochi to Munnar, further inland of South India. The trip is done through small villages and bumps in an old and dirty bus, windows always open because it has no glass. At one point the landscape changes, the air cools and began to climb in altitude. The road winds through dense rainforest, we see some monkeys on the roadside, some shy waterfalls and others imposing. Incredible beauty spots that surprise me by the immensity of life, green and hidden and alone locations. As we begin to descend the forest opens, more houses and cows to graze... the bus will stop. People go in and out. The journey continues.