terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pelos caminhos das Lagoas de Santo André e da Sancha

No Verão, e depois da minha operação, quisemos mudar de ares e apanhar um bocadinho de sol. Assim uma coisa tranquila! Então pegámos na tralha essencial para nos pormos a andar e podermos ficar a dormir em qualquer lado, e fizemo-nos à estrada sem destino.
Quando já era tarde e, como tínhamos o cão connosco e não nos apetecia dormir no carro apertados, resolvemos ver se o parque de campismo ali perto ainda nos aceitava.
Fomos parar ao tranquilo parque de campismo de Santo André, que nos aceitou a nós e ao cão! Fizemos a tenda às escuras e fomos dar uma volta de reconhecimento.
Campismo de Sto. André
Acabámos por ficar "sediados" ali nos dias todos que ficámos pela costa alentejana pois o sítio agradou-nos, o cão estava tranquilo (normalmente tem medo de pessoas) e a praia da Lagoa de Santo André era ideal para estarmos sossegados e para o cão ir à água e andar também ele tranquilo.

Sputnik na praia da Lagoa de Sto. André
Lagoa de Sto. André
Sketching @ Lagoa de Sto. André

Lagoa de Sto. André
Procurávamos ir sempre para junto da lagoa mas afastados das pessoas que se colocam logo à entrada da praia e o local revelou-se óptimo para descansarmos e comermos umas bolas de Berlim maravilhosas, servidas mesmo à beira-mar!
Senhora das bolas de Berlim
Na lagoa pode-se fazer kyte surf e nadar sem as ondas fortes que se sentiam no oceano, ali ao lado.
Lagoa de Sto. André

Para além disso, estar ali permitiu-nos poder fazer percursos de horas pela zona de Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha. 

Ao longo da lagoa é possível fazer um pequeno percurso e observar as aves migratórias que ali repousam. Por aquela altura do ano conseguimos ver imensos flamingos graciosos!

Esta é uma das mais importantes características atribuídas a esta Área Protegida, pois é um local de passagem de aves migradoras, sendo que a Lagoa da Sancha também é local de nidificação de diversas espécies.
Ao longo da Lagoa de Sto André abre-se um novo mundo!
Quando os dias estavam cinzentos, procurávamos percursos no guia "Percursos, Paisagens & Habitats de Portugal" do ICN, que nos costuma acompanhar,e quando tentávamos encontrar a Lagoa da Sancha fizemos outras paragens nas Areias Brancas (já a caminho de Sines) e descobrimos a Praia do Porto das Carretas. Onde há um percurso pedestre sinalizado para observação dos poços do Barbarroxa, alimentados por aquíferos subterrâneos. Todos eles estavam cobertos de vegetação palustre.

Por trás das árvores, um dos poços observados
Numa das placas no caminho podia ler-se: "A presença de uma série de poços (depressões húmidas intradunares) constitui uma prova da existência de antigos braços na Lagoa. Os braços da Lagoa, ao longo do tempo, vão sofrendo assoreamento, resultado de carreamentos sucessivos de detritos que se vão acumulando e vão ficando separados da Lagoa Central.
Estes poços, ricos em vegetação palustre, constituem um local de refúgio e nidificação para algumas das espécies que ocorrem a nível de lagoa."


Pelo percurso...
Ao longo da estrada para Sines, há alguns caminhos de terra por onde nos aventurámos e descobrimos outras praias, como a Praia da Fonte do Cortiço, com vigilância e bandeira azul e apenas 3 ou 4 auto-caravanas de pessoal estrangeiro. 
Eu e o Sputnik
Novo dia. À segunda tentativa conseguimos encontrar o escondido e de difícil acesso caminho de terra batida para a Lagoa da Sancha. Coberta de caniço e rodeada de vegetação palustre e de um verde que contrasta com a faixa de praia mesmo ao lado e que se perde no horizonte, é um local magnífico para se parar a contemplar por uns momentos. 
A paisagem é intocada e pode observar-se claramente a passagem da duna branca, para a duna cinzenta e depois para a duna verde. Uma verdadeira aula de geografia ao vivo! Pena as chaminés industriais ao fundo...

Marco geodésico - Lagoa da Sancha
Há muitos sítios em Portugal onde nos podemos sentir únicos.
Estamos a sós e por momentos podemos sentir que fomos os únicos a chegar ali. Neste caso, sentados no marco geodésico da Caracola e olhando a imensidão de costa de areia branca e praticamente intocada, lembro-me de tantos outros sítios onde estivemos e pudemos ouvir a natureza.
Quando entro numa paisagem sem vestígios de curiosos barulhentos e com poucas regras de convivência, civismo e higiene ambiental, uma paisagem protegida com pouca informação e de acesso complicado, sinto-me a observar um tesouro único. Melhor do que qualquer monumento, museu ou objecto valioso. Enche-me o coração e o espírito!


No dia do regresso a Lisboa ainda parámos na Lagoa de Melides para o pôr do sol. Pareceu-nos também um local bastante agradável, e também com parque de campismo. Talvez um pouco mais movimentado e com mais vida a nível de restaurantes e juventude que na lagoa de Santo André.

Lagoa de Melides



Fotos de Susana Gasalho ©Todos os Direitos Reservados. Tiradas com o telemóvel.


Para saber mais sobre esta zona de Reserva Natural: ICNF
Alguns percursos pedestres: aqui

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